No Rio de Janeiro, as casas dos traficantes Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, foram localizadas neste domingo por policiais do Bope na Favela da Rocinha. Nem foi preso na madrugada da última quinta no porta-malas de um carro. A polícia também localizou imóvel de Danubia de Souza Rangel, mulher do bandido. A residência conta com uma bela vista da comunidade. Já a casa luxuosa de Peixe tem piscina, hidromassagem, churrasqueira e um grande aquário na sala. O criminoso foi preso na última quarta-feira, na Gávea, quando tentava fugir escoltados por policiais.
Policiais do Bope encontraram neste domingo, durante incursão na localidade conhecida como Laboriô, na Rocinha, 13 armas, sendo 11 fuzis 762, um AR 15 e uma escopeta calibre 12. Segundo os agentes, as armas estavam enterradas. Um dos fuzis possuí um desenho de um coelho. Segundo a polícia, a arma pertenceria ao traficante Coelho, preso na Gávea na quarta-feira. As buscas por drogas e traficantes na comunidade continua.
A chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, comemorou neste domingo a ocupação das favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu por homens. As três comunidades foram dominadas sem troca de tiros.
"Moradores da Rocinha e da cidade do Rio recebem seu território de volta", disse a delegada, que pediu a população que denuncie possíveis criminosos que ainda estejam nas comunidades. "Peço às mulheres que informem a localização de armas, drogas e traficantes". Denúncias podem ser feitas pelos telefones (21) 2332-9915 e 2253-1155. O anonimato é garantido.
As vias de acesso à Rocinha, ao Vidigal e à Chácara do Céu foram liberadas na manhã deste domingo pela Secretaria de Segurança. As comunidades foram ocupadas por policiais que participam da operação Choque de Paz. Dezenas de motocicletas foram apreendidas por policiais neste domingo na Rocinha. Os veículos, que estavam abandonados e atrapalhando a circulação dos militares, são levados da comunidade em caminhões. Há suspeitas de que muitas dessas motos sejam roubadas.
Após a ocupação da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, cerca de 120 agentes da Polícia Federal (PF) estão nas comunidades na manhã deste domingo para cumprir mais de 30 mandados de prisão e busca e apreensão. Segundo o delegado Valmir Lemos de Oliveira, superintendente da PF, 30 homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participam da ação.
O coronel Pinheiro Neto, chefe do Estado Maior Operacional da PM, afirmou que equipes do Bope cercaram áreas de mata no entorno da favela. "Especialistas ocuparam há cerca de 36 horas rotas de fugas utilizadas por criminosos em matagais", explicou.
A chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, informou que agentes fazem buscas em algumas áreas da favela. "Pontos específicos de investigação estão sendo averiguados. Após a ocupação que começa efetivamente a varredura", disse.
A operação 'Choque de Paz' começou às 4h10. Cerca de 300 homens do Bope subiram a Rocinha com o apoio de sete blindados da Marinha, Caveirões e helicópteros. Ainda não há registro de confrontos armados.
Pelo menos dois Caveirões foram impedidos de subir as favelas por causa do óleo na pista jogado por traficantes. Num dos acessos à Rocinha pela Estrada da Gávea, policiais tiveram que pedir o auxílio da Unidade de Intervenção Tática do Bope para jogar areia na pista e facilidade a movimentação do blindado. No caminho foram encontradas ainda várias motocicletas queimadas.
Foragido é preso
Um homem suspeito de envolvimento com tráfico de drogas foi preso na madrugada deste domingo, na Rocinha, na Zona Sul. O acusado foi detido no hospital de campanha montado na comunidade. O homem descia a favela na garupa de uma moto e, ao chegar à barreira policial, ele afirmou que passava mal.
Após ser levado ao hospital, foi descoberto que o suspeito estava foragido da Justiça desde 2009, quando cumpria pena na penitenciária Bangu 8. De acordo com a Polícia Civil, ele responde por roubo. O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea).
Operação Choque de Paz
As favelas da Rocinha e do Vidigal amanheceram ocupadas pela polícia. Cerca de dois mil homens de diversas forças de segurança entraram, nas primeiras horas da madrugada deste domingo, no território há décadas dominado pelo tráfico. Batizada de ‘Operação Choque de Paz’ — em homenagem aos policiais do Batalhão de Choque que prenderam o chefão do pó Antônio Bonfim Lopes, o Nem —, a ação que abrirá caminho para instalar a 19ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do estado do Rio difere em quase tudo das 18 ocupações anteriores.
A retomada dos territórios começou com a chegada de homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e Choque pelos principais acessos da comunidade, transportados por 18 blindados de guerra da Marinha, além do sobrevoo de helicópteros. O efetivo de fuzileiros navais hoje na Rocinha — 194 homens — supera o da megaoperação para retomar o Complexo do Alemão, há um ano, onde atuaram 127 militares da Marinha. A ação conta também com apoio das polícias Civil, Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal.