domingo, 31 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010

Serra chega hoje a momento decisivo na trajetória política 

O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), 68 anos, chega hoje a um momento decisivo em sua carreira política com, possivelmente, sua última oportunidade de realizar o sonho de ser eleito presidente da República.

Mesmo que consiga reverter o favoritismo de Dilma Rousseff (PT) apontado em todas as pesquisas de intenção de votos, a tendência é de que o tucano não altere as políticas econômica e social implementadas nos últimos 16 anos no país, fazendo um governo de continuidade e com poucas rupturas em relação ao atual modelo muitas vezes criticado por ele durante a campanha.
Se perder, dificilmente terá chance de novamente ser candidato ao Palácio do Planalto. Primeiro pela idade, já que em 2014 terá 72 anos. Além disso, caso se confirme a vitória de Dilma, será a segunda derrota do tucano na disputa pelo principal cargo do país --em 2002, foi batido nas urnas por Lula (PT).
Se esse cenário se concretizar, Serra continuará tendo papel de destaque na oposição devido à sua rica biografia política, mas perderá espaço para o ex-governador de Minas Gerais e senador eleito Aécio Neves e para o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, na disputa interna tucana para a indicação do nome do partido para a disputa da Presidência daqui a quatro anos.
Recomeço. Uma eventual derrota de Serra forçará ainda o tucano a recomeçar, a exemplo do que já fez em 2004. Naquela ocasião, submergiu politicamente após a derrota para Lula e só voltou aos holofotes com a conquista da Prefeitura de São Paulo e do governo do principal Estado da federação.
Cientistas políticos consideram pouco provável que ele aceite comandar alguma secretaria no futuro governo Alckmin. Por outro lado, acreditam que o caminho natural será disputar a sucessão de Gilberto Kassab (DEM), que atualmente é um de seus principais aliados em São Paulo.
Espaço político. “Se o Serra ganhar, o que acho pouco provável devido à tendência apontada em todas as pesquisas, deverá fazer um governo de continuidade nas áreas econômica e social. Até porque PSDB e PT têm atualmente muito mais afinidades do que divergências em relação à forma de administrar”, disse o professor de Ciências Políticas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo Cláudio Couto.
Segundo ele, em caso de derrota Serra continuará sendo uma referência política da oposição, mas perderá espaço político para lideranças que saíram vitoriosas das urnas este ano. “Se o Serra perder, dificilmente terá nova chance de disputar a Presidência. Não tanto pela idade, mas porque ficará com a imagem arranhada depois de duas derrotas. Mesmo que não queira, terá que abrir espaço para o Aécio e o Alckmin, que consolidaram suas lideranças e passaram a ser os nomes naturais do PSDB para a disputa presidencial em 2014”, afirmou.
Convencimento. Para o especialista, o caminho natural em caso de derrota será disputar a prefeitura da capital em 2012. “É o caminho mais fácil e cômodo para o Serra, que fez isso em 2004 com êxito. Outros políticos experientes e que enfrentaram situações semelhantes já trilharam esse caminho no passado, como o Paulo Maluf e o Jânio Quadros. Nesse caso o Serra até tem chance de ser eleito, mas terá o desafio de convencer o eleitorado paulista de que, desta vez, cumprirá o mandato integralmente.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário