domingo, 14 de novembro de 2010

Eu não quero que acabe

Eram duas da tarde, de mais um dia normal. Sentimentos engolidos e fingimento que nada estava fora do lugar em mim. Só que minha garganta começou a ficar seca e arredia. Minha cabeça zonza. Meu peito cheio de buracos. Um terremoto de emoções começou a me desorientar e parece que a minha única opção de calmaria era deixar sair tudo àquilo que eu tinha sufocado.
Meu amor por ele, pela boca, dentes, unhas, pele e cheiro dele. Minha adoração pelas idéias coloridas que ele produzia dentro da cabeça dele. Pelos sonhos elaborados que muitas vezes interpretei. Pelas manias: de grandeza, de pequeneza e de roer as unhas. Pela existência dele. Por tudo que contornasse e não o contornasse.
Gritar todo o  meu ciúme, por ele carregar a namoradinha na sua bicicleta, me contando como os dois são ecológicos. Das mãos pelos cabelos dela. Da casa que eles um dia morariam.
Tinha que ser hoje. Desesperadamente hoje. Ou meu coração explodiria em mil cacos de vidro. A minha voz sufocada se voltaria para dentro, deixando o meu pulmão em chamas. Ou era hoje ou a minha cabeça morreria afogada em sua própria mágoa.
Eu telefonei, mas ele não atendeu. Fui até a casa dele e ele não estava. Corri para o clube onde ele freqüenta, mas ninguém o viu por lá. Mas uma chamada não atendida e meu coração despedaçaria em cinzas. Alguém viu? Alguém viu?
É o meu telefone? É ele. Bate o peito mais forte do que dez cavalos correndo. Eu preciso te ver, te encontrar, tenho que te falar! Você vem? Você me escuta? É urgente! É enorme! É gritante!
Sim, ele vem. É provável um sim. É provável uma história. É o cheiro dele e o meu em um frasco só. É uma renda, essa nossa história de amor. Vou falar tudo. Vou me despetalar inteira. Vou ser a rosa dele. É só esperar um pouco que ele já vem.
Onde ele está? Não é possível que ele não vem!! Mas o meu peito, o meu peito explodindo!? É ele? Não, não é. Como ele pode? Não pode ser… Vou ligar de novo e de novo. Não, não vou. Hoje é mais um dia normal, dia de sufocar o amor. Está passando. Pronto. Eu não amo ninguém. Não amo ele. É bobagem. E se amanhã, essa dor voltar, eu a esmago de novo e volto a viver como se fosse um dia normal.
                                               até domingo! 

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