A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou ontem as novas regras para a venda de antibióticos, que passam a valer a partir de 28 de novembro.
Depois dessa data a compra dos antibióticos seguirá as mesmas normas usadas para a compra dos medicamentos controlados. Farmácias ou drogarias só poderão vendê-los mediante a apresentação de receita médica em duas vias.
Uma delas fica retida na farmácia e a outra é devolvida para o paciente com o carimbo que comprova o fornecimento.
Segundo a Anvisa, a medida está sendo discutida há mais ou menos um ano. Foram feitas consultas à população e audiências públicas para definir as regras. O objetivo é aumentar o controle sobre essas substâncias e conter a crescente resistência das bactérias.
Superbactéria. Com isso, espera-se evitar a proliferação de bactérias extremamente resistentes à maioria dos antibióticos, como a KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase), conhecida como superbactéria, que está atingindo os hospitais do país.
“O uso indiscriminado de antibióticos é um problema de saúde pública em todo o mundo. A ideia é que o controle sobre esses medicamentos seja feito de forma mais efetiva, contribuindo para o consumo racional desses produtos”, disse o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello.
Outra alteração prevista pelo novo regulamento da Anvisa atinge as indústrias farmacêuticas. Elas terão 180 dias para incluírem a frase “Venda sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção da receita” em bulas e embalagens de antibióticos.
As medidas valem para mais de 90 tipos de substâncias antimicrobianas, que abrangem todos os antibióticos registrados no país, com exceção daqueles que são de uso exclusivo dos hospitais.
Médicos. Para o médico pediatra Paulo Miragaia, ainda vai levar tempo para as pessoas se acostumarem, mas a medida deve evitar a auto-medicação.
“Acho que deveria se estender para todos os remédios para acabar de vez com a auto-medicação, que é muito grave”, disse.
A gerente de uma farmácia, Déborah Castro de Souza e Silva antevê um impacto negativo nas vendas desses medicamentos, mas acredita que a medida é válida.
“Pode cair um pouco as vendas, mas quando as pessoas entenderem que não se trata de uma regra da farmácia, mas de uma determinação da Anvisa, acho que se normaliza”.
Segundo ela, grande parte das pessoas compram medicamentos por conta própria. “É muito comum a pessoa tomar o remédio uma vez e dar certo; aí ela não retorna ao médico e acaba repetindo a medicação”, afirmou.
reportagem: Marinella Souza / postado por Daniel Pereira
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