A preocupação com o envelhecimento da população brasileira ultrapassou as barreiras governamentais e chegou à esfera empresarial, levando pequenas, médias e grandes companhias a repensarem suas estratégias de contratação e priorizarem pessoas com idade acima de 40 anos.
Estudo recente divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que, em 2030, quando o Brasil atingir o seu ápice demográfico (estimado em 206,8 milhões de habitantes), a idade média da população ativa no mercado de trabalho será de 45 anos.
Além disso, estas pessoas serão responsáveis por 56,3% das vagas de emprego disponíveis no Brasil.
A pesquisa mostra ainda que, por conta disto, as empresas precisam planejar e investir em saúde ocupacional para viabilizar a permanência do trabalhador no mercado por período maior.
Desta forma, segundo sociólogos e especialistas em demografia, sobreviverão no mundo corporativo as companhias que criarem, a partir de hoje, políticas de estímulo ao empreendedorismo e valorização do funcionário, que deixaria de ser visto apenas como parte da produção.
Superação. No Pais, pessoas com idade acima de 40 anos deixaram de ser vistas com preconceito por headhunters (aqueles que caçam talentos) e passaram a ser contratadas em maior quantidade.
“Currículos de homens e mulheres com idade entre 35, 40 e 50 anos têm sido buscados cada vez mais por organizações empresariais devido à visão de que as pessoas com esta faixa etária são consideradas mais maduras profissionalmente e representam estabilidade para a corporação.
“Somente neste ano, nossa empresa selecionou 40% a mais deste público”, disse Regina Helena dos Santos, consultora de recursos humanos da BF&G Aprovar.
Segundo Regina, além dos cargos de chefia, principal perfil de vagas para pessoas com esta idade, empregos de recepcionista, secretária e muitas vezes de produção industrial estão em oferta. Às vezes, não são preenchidas por preconceito do trabalhador, que ainda se sente rejeitado pelo mercado de trabalho.
Exemplos. Na empresa de telecomunicações Tivit, os 567 trabalhadores, possuem mais de 40 anos.
Para se chegar a este número, foi criado o programa “Maturidade”, que tem o objetivo de buscar este perfil de profissionais para inclui-los no mercado, mesmo que a maioria não trabalhe com tecnologia. Cursos de inclusão digital são fornecidos e permitem a capacitação dos empregados.
Na loja Casa da Fazenda, localizada na rodovia dos Tamoios, a empresária Angélica Sivilha só contrata profissionais mais maduros, como a auxiliar administrativo Márcia Miranda, de 45 anos.
“Sabemos que existe esta dificuldade, por isso valorizo estes profissionais”, disse Angélica, que tem outros três empregados com esta idade.
Programa. Na Johnson&Johnson, há 14 anos existem programas de prevenção e inclusão de trabalhadores mais maduros.
“Existe remanejamento interno para prolongar o tempo de trabalho do funcionário, a priorização desta faixa etária para alguns setores e trabalhos relacionados à ergonomia”, disse Adele Prieto, gerente de saúde, segurança e meio ambiente da empresa, que somente em 2010 contratou 29 pessoas acima dos 40 anos.
reportagem de Eduardo Carvalho / postado por Daniel Pereira
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