domingo, 5 de dezembro de 2010



Era uma vez…

Ah, o cafajeste bonzinho! Quem nunca passou por isso? Aquele moço suave e meigo que fez você de boba porque sabia que você não estava nem aí para ele. Não aconteceu? Mas vamos supor que sim.
Foi assim: você o conheceu numa dessas bebedeiras com os amigos. Ficou com ele sem nem prestar muita atenção. Só o achou bonitinho. Aí ele te levou para casa e nem pensou em pedir para entrar, por que respeitava sua noite de ressaca.
Mas aí no dia seguinte ele te ligou. Deu uma receita ótima com boldo e amenizou todas as possíveis gafes que você provavelmente cometeu na noite passada. Diz ele que você estava linda rindo de tudo e dançando a antiga “boquinha da garrafa”. Muito gentil e delicado.
À noitinha ele te ligou para saber se você melhorou. Perguntou do dia, de como você se sentiu com a notícia que deu no jornal. Não te convidou para sair para não pressionar, mas deixou uma brechinha.
No dia seguinte, você bobinha ficou esperando para ver se ele ligava a mesma hora. Você estava cheia de vontade de conversar e mostrar que você não era aquela doida que ele conheceu. Você é sensível, meiga e inteligente e ele precisava saber disso.
Ele ligou. Você se abriu toda como um girassol. Perguntou mais dele e finalmente foi você que o convidou para a festa do seu primo, que seria numa boate fechada, cheia de bebidas e comidas feitas pelo chef do momento.
Ele topou. Ficou dois dias sem te ligar. Você desesperada para causar boa impressão dessa vez, fez tudo o que tinha direito: yôga, meditação, massagem, depilação, pé e mão e sobrancelha. Pronto.
Ele  confirmou que iria na festa. Todo amoroso. Pegou você em casa. Estava bonito e moderno. Mas não te beijou na boca. Vocês entraram juntos e todos os amigos te olharam com admiração. Ele é realmente um charme. Falou com todo mundo. Contou piadinhas no modelinho inglês.
Você estava toda amor. Sem querer beber muito. Abafando o caso quando algum amigo queria  contar uma baixaria que você deu. Você já convidou sua amiga para ser madrinha de casamento, já imaginou os três filhos que vão ter e voltou a acreditar em alma gêmea.
Lá pelas tantas você percebeu que ele sumiu. Resolveu ir atrás dele. Saber se estava tudo bem. Com saudades dos elogios baixinhos no ouvido. Ficou um tempo na fila do banheiro. Nada. Na fila da bebida. Nada. Até que bateu os olhos lá no canto da parede. Naquela intersecção maldita de duas retas. E viu um casalzinho lindinho. Uma mocinha rindo e um carinha cochichando em seu  ouvido. Era ele.
Seu coraçãozinho gelou. Sua amiga disse que estava desconfiada. Seu primo,  que não queria barraco. Aí você encheu a cara de vez. Cinco doses de vodka e duas de chinboquinha.  Dançou loucamente. Depois de algum tempo  percebeu mais ou menos  um carinha bonitinho que estava se aproximando e ficou com ele só para se distrair. No dia seguinte ele ligou…
                                            até semana que vem!!

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